quarta-feira, 23 de abril de 2014



 
Gostaria de refletir um pouco sobre a Educação Cristã. Não é minha intenção esgotar a temática e nem resumi-la como verdade absoluta em nossa visão, até mesmo porque é um assunto que não se esgota. Busco refletir com você sobre a Educação Cristã e seu alcance dentro da vida cristã, não limitada as quatro paredes de uma igreja.


A primeira reflexão consiste na sua definição: O que é Educação Cristã? Existe um pensamento equivocado, ou melhor resumido sobre a Educação Cristã que a limita somente a Escola Bíblica Dominical. Porém, há muitos conceitos sobre o tema. Entendemos que a Educação Cristã tem um conceito mais amplo que propõe o desenvolvimento integral do ser humano: corpo – alma – espírito, que envolve não somente sua capacidade física, como intelectual e moral, visando não somente as habilidades, mas o caráter e a personalidade. Tem por objetivo desenvolver o caráter humano, diferenciando da distinta Educação, por ter os seus princípios e fundamentos na fé cristã, na Palavra de Deus.


Entendemos que a Educação Cristã ela é um processo, ocorre informalmente (sem intenção de ensinar) e sistematicamente (com intenção e planejada), desenvolvendo o ser humano, buscando uma santificação progressiva. Veja o que Paulo fala em Colossenses 3: 9 a 10. Ele faz um convite para que os crentes da Igreja em Colosso; um convite a ter a busca constante da santidade, lembrando a Igreja sobre como deve proceder o homem que tem sua fé em Cristo, na busca da santidade e deixando as práticas do pecado através da renovação do conhecimento, tendo como exemplo Deus na pessoa de Jesus. É um processo que não se finda, é contínuo na vida cristã e refletido no seu caráter cristão através de sua conduta, observada em testemunho de vida. Nos dando o entendimento do processo contínuo de vida cristã é a busca do conhecimento e entendimento da fé, e isto nada mais é do que educar-se para o proceder em sua fé.

Nesta visão de Educação Cristã como processo cito José Abraham ele fala da Educação Cristão como o processo através do qual a comunidade de fé se conscientiza e se transforma, à luz de sua relação com Deus em Jesus como o Cristo; que o chama a viver em amor, paz e justiça consigo mesmo, com seu próximo e com o mundo, em obediência ao Reino de Deus. Uma forma de entender isto é observar os processos da natureza, como por exemplo, uma semente. A semente tem a potencialidade de se transformar em uma árvore de onde se colha os frutos, porém, isto não ocorre instantaneamente. Ela requer que a semente seja plantada em um lugar onde há terra e água. Através do tempo e das diferentes mudanças que vão ocorrendo nela, germinará e começará seu processo de crescimento e em um dia nos dará os seus frutos. E tudo isso tomará tempo, em alguns casos mais do que outros[1]. O cristão tem potencial de se tornar um ser humano melhor, transformando-se através do que aprendemos na bíblia, na forma com que ela nos ensina como devemos ser. Esta transformação só se dará se formos alimentados de forma correta. 


Enfatizamos que o processo se estabelece em toda vida cristã, e também, em todos os âmbitos dentro da vida do crente, em todos os ministérios da Igreja que procuram despertar no cristão não somente o desenvolvimento do serviço cristão, mas principalmente a busca da santidade e no desenvolvimento dos frutos do Espírito Santo, que é os frutos de nossa fé.


Quando unimos o planejamento com aquilo que vivemos como princípio de vida, alcançamos não somente as vidas nas quais estão sobre nossa responsabilidade cuidar, como também alcançamos todos que estão em nossa volta e que nos observam, até mesmo, sem que tenhamos relacionamento ou consciência de existência.


A carta de Paulo a Timóteo, dirigida a Igreja em Éfeso é considerado por muitos líderes um manual de liderança. Paulo tem por objetivo ensinar a Timóteo no exercício de seu ministério. Ele inicia a carta exortando a Timóteo a ter cuidado com falsos mestres e doutrinas, depois começa uma série de instrução que inicia na adoração e no desenvolvimento da fé cristã, falando de conduta ministerial, finalizando no encorajando a perseverança na fé e na proclamação do evangelho da salvação. Paulo está ENSINANDO a Timóteo como direcionar os crentes da Igreja em Éfeso. Na segunda carta a Timóteo, Paulo começa sua carta demonstrado a Timóteo a gratidão por sua vida, demonstração de afeto e amor aquele a quem ele ganhou e ensinou na fé, logo no versículo 5 do capítulo 1 Paulo  lembra a Timóteo a fé de sua avó Loide e da sua mãe Eunice. Trouxe a memória o testemunho de vida daquelas mulheres que impactaram a vida de Timóteo e também a dele: “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti”. O testemunho de vida destas duas foi tão forte a ponto de serem lembradas por Paulo dizendo que foi inspiração para ele. 


A Educação Cristã   vivenciada na informalidade ou na não intencionalidade, só existe se houver testemunho. Veja o que diz I Timóteo 4: 9 a 15: “Esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação; Porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis. Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; MAS SÊ O EXEMPLO DOS FIÉIS, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar (...). Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. MEDITA ESTAS COISAS; OCUPA-TE NELAS, PARA QUE O TEU APROVEITAMENTO SEJA MANIFESTO A TODOS.” 


A Educação Cristã[2] ela é um processo sistemático, planejado e contínuo; tem por objetivo levar o homem e a mulher a sua maturidade cristã; é fundamentada na fé cristã; sustentada pelo Espírito Santo
(II Pedro 1:21), ela visa a Glória e o Reino de Deus (João 17:24 a 26; Romanos 11:36; I Coríntios 10:31).


A abrangência da Educação Cristã vai além da Escola Bíblica Dominical, ela está em todos os ministérios dentro da Igreja. Ela precisa caminhar junto com adoração (Música), pregação do evangelho (evangelismo e missões), na exortação (diaconato), no cuidado (discipulado) e assim consequente em todas as ações dentro e fora da igreja, em tudo o que se resume a vida cristã.


Nós Educadores Cristãos, temos muitos desafios dentro deste ministério. Creio que o primeiro desafio e tirar a visão limitadora de sua ação e o reducionismo somente para EBD. O segundo desafio, penso ser o mais importante, a valorização deste ministério tanto quanto o ministério pastoral e o ministério de música. Nossas denominações em sua visão reducionista, não conseguem abranger a importância do Ministro de Educação Cristã. Isto é claramente visto, pelas inúmeras igrejas que não tem ativo este ministério específico. E as que tem muitas vezes não veem nele a importância da remuneração ministerial. Alguns que desta forma veem, tem seus valores de remuneração substancialmente diferenciados e abaixo, dos Ministro de Música e Administradores. A Educação Cristã anda de igual forma a todos os ministérios. E Está presente em todos os ministérios, e é muitas vezes ignorada por todos os ministérios. Este é o grande desafio. Entender a Educação Cristã como um todo na vida cristã. 


Glorificamos a Deus por Igrejas que já tem mudado sua visão e dado a importância a este ministério. Os resultados podem ser mensurados de forma qualitativa e quantitativa. O Ministério de Educação anda lado a lado do Ministério Pastoral, ele é que consolida os cristãos nas sua trajetória de vida. 


Termino este texto reflexivo, com um questionamento a você, Educador Cristão: Sua vida é exemplo de vida? O que você tem feito em seu ministério que possa transpor os desafios e transformar nossa realidade? Quero levar também você pastor: Qual é a importância da Educação Cristã dentro da tua igreja, está dentro da tua visão ministerial a Educação Cristã como todo, ou ela é ainda reducionista a EBD? Esta financeiramente equiparada em valores financeiros aos outros ministérios remunerados? A você Igreja: Como você vê a Educação Cristã? Será que você tinha a ideia, a amplitude deste ministério bem como a sua importância na sua vida cristã? Como é visto o educador ou a educadora Cristã dentro de sua igreja? Superintendente da EBD ou um Ministro responsável por andar junto com todos os ministérios? Aos outros ministérios: Qual é a visão que vocês tem do(a) Ministro (a) de Educação de sua Igreja, tem a consciência de que as ações de planejamento e ensino do seu Ministério fazem parte de um todo e não de uma compartimentação de responsabilidades?


 Espero que este texto leve a uma reflexão sobre os conceitos que você tem sobre a Educação Cristã bem como a visão da mesma na sua igreja. Nos ajudando a transpor barreiras, a mudar a visão, a vencer os desafios.







[1] JESÚS, José Abraham.  En Busca de una Definición de educación Cristiana., in: http://www.receduc.com/index.php/educacion-cristiana/41-en-busca-de-una-definicion-de-educacion-cristiana  (extraído em 22/04/2014 as 11:05).
 [2] FATEC- Faculdade de Teologia e Ciências , in: http://www.fatecc.com.br/alunos/apostilas/teologia/3periodo/educacao.pdf (Extraído em 20.04.2014 as 14h10m)

Um comentário:

  1. É um blog encantador encontrei o seu blog enquanto navegava pela net, não li muito, mas gostei do que vi e li,espero voltar mais algumas vezes,deu para ver a sua dedicação e claro sempre aprendemos ao ler blogs como o seu.
    Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante, e se desejar deixe um comentário.
    Abraço fraterno.António.
    Peregrino E Servo.

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